Preciso te confessar uma coisa: é difícil para mim te explicar o que eu faço sem uma imagem, sem…
Com eles consigo te dizer, instantaneamente, o formato do livro, se ele é longo ou curto, se a capa tem uma textura ou não, se o papel do miolo é gostoso de tocar, que cheiro ele tem ao abrir e o barulho das páginas ao virar.
Preciso de muitas palavras para te contar que, ao abrir o livro, ele tem uma mancha larga, cores chapadas nas aberturas, títulos grandes no início sempre alinhados à direita e que, no caso desse livro que gostaria de te mostrar, num rabisco que seja, as imagens seguem ao longo do texto, subordinadas a ele, pois o texto continua a existir se elas não estiverem lá. Mas elas estão. Lindas, mudando sua experiência de leitura, a cada página uma surpresa.
Alías, esse virar de página tem muito para contar. Como é ele para você? Em alguns livros, para mim, é como subir uma montanha: você sobe, sobe, sobe, e quando chega no topo encontra uma nova paisagem a ser explorada, o que pede pausa, fôlego e apreciação.
O virar de página ecoa o ritmo do livro. Muitas vezes, ele é premeditado por quem faz, outras vezes esse ritmo escapa de qualquer planejamento pois o leitor, no ato de ler, também é agente do livro, assim como o texto, a imagem e o suporte.
Muitas vezes há uma confusão sobre as montanhas. Quem disse que ler rápido é ler bem? Quando você corre, sem fôlego, consegue ver com a mesma qualidade o que o topo da montanha te mostra? Olhar, respirar, parar, também são atos de um leitor. E você? Como lê um livro?
Viu como é difícil explicar? Foram várias palavras que poderiam estar contidas em uma só imagem. Com um título, nome do autor e logo da editora.